Veja quais aviões russos foram destruídos pela Ucrânia em ataque com drones improvisados
Operação usou 117 drones FPV para atingir 41 aeronaves de elite em bases aéreas russas, causando prejuízo estimado de R$ 28 bilhões
Internacional|Do R7

A Ucrânia realizou no último domingo (1º) um dos ataques mais ousados da guerra contra a Rússia: destruiu 41 aeronaves militares russas utilizando drones baratos e improvisados, uma ação que causou prejuízos estimados em US$ 7 bilhões (cerca de R$ 28 bilhões) ao Kremlin.
O mega-ataque, batizado de operação “Teia de Aranha”, atingiu 34% da frota de bombardeiros estratégicos da Rússia, de acordo com o SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia), que assumiu a responsabilidade pela ação poucas horas depois.
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O ataque ucraniano teve como alvo principalmente bombardeiros estratégicos russos, que são aviões de alto valor e tecnologia especializada.
Segundo a agência de notícias Reuters, muitos deles não podem ser substituídos porque deixaram de ser produzidos há mais de 30 anos, depois do colapso da União Soviética, em 1991.
Tupolev Tu-95

O Tu-95, conhecido pelo codinome “Bear” dado pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), é um bombardeiro estratégico turboélice projetado na década de 1950 pela União Soviética para competir com o B-52 norte-americano.
Ele é equipado com quatro motores Kuznetsov NK-12, cada um com duas hélices girando em sentidos opostos, o que lhe permite atingir velocidades próximas às de jatos modernos.
A autonomia dele é impressionante: pode voar mais de 12.000 km sem reabastecer, o que o torna capaz de atacar alvos nos Estados Unidos, por exemplo, partindo da Rússia e, depois, retornando à base.
- Função: carrega até oito mísseis de cruzeiro de longo alcance, como o Kh-101, que podem ser equipados com ogivas convencionais ou nucleares;
- Histórico: entrou em serviço em 1956 e foi modernizado ao longo dos anos. Um Tu-95 foi usado para lançar a Tsar Bomba, a maior bomba nuclear já testada, em 1961;
- Uso na guerra: na guerra contra a Ucrânia, os Tu-95 têm lançado mísseis de cruzeiro contra alvos no país, sem precisar entrar no espaço aéreo ucraniano;
- Quantidade: antes do ataque, a Rússia tinha cerca de 60 unidades em serviço.
Tupolev Tu-22M3

O Tu-22M3, chamado de “Backfire” pela OTAN, é um bombardeiro supersônico bimotor desenvolvido na década de 1970. Ele atinge velocidades de até 2.300 km/h (mais de duas vezes a velocidade do som) e é usado para ataques a alvos mais próximos.
Ele carrega mísseis como o Kh-22, que voam a três vezes a velocidade do som e transportam até 630 kg de explosivos.
- Função: bombardeiro de médio alcance, projetado para atacar alvos terrestres e navais - na Guerra Fria, foi usado para atingir porta-aviões norte-americanos;
- Histórico: produzido entre 1972 e 1993, com cerca de 497 unidades fabricadas;
- Uso na guerra: tem sido utilizado para lançar mísseis contra a Ucrânia, especialmente contra infraestrutura;
- Quantidade: acredita-se que, antes do ataque, a Rússia tinha entre 50 e 60 unidades do Tu-22M3. No entanto, A inteligência ucraniana estima que apenas 27 estavam operacionais.
Tupolev Tu-160

O Tu-160, apelidado de “Blackjack” pela OTAN, é o maior e mais rápido bombardeiro estratégico do mundo, capaz de voar a quase duas vezes a velocidade do som.
Ele tem alcance intercontinental e é equipado para carregar mísseis nucleares ou convencionais. É uma aeronave extremamente cara: cada unidade é avaliada em mais de US$ 250 milhões e a produção é lenta e limitada.
- Função: bombardeiro estratégico de longo alcance, usado para patrulhas globais e ataques com mísseis de cruzeiro;
- Histórico: entrou em serviço na década de 1980. Recentemente, a Rússia iniciou a produção de uma versão modernizada dele, com novos motores e aviônicos;
- Uso na guerra: participa de missões de lançamento de mísseis contra a Ucrânia, operando a partir de bases distantes;
- Quantidade: estima-se que a Rússia possuía cerca de 20 unidades operacionais antes do ataque.
Beriev A-50

O Beriev A-50 é uma aeronave de alerta antecipado e controle (AEW, na sigla em inglês). Esse tipo de avião funciona como um centro de comando, com um grande radar montado na fuselagem que detecta aviões, navios, veículos e mísseis a longas distâncias - essencial para coordenar ataques aéreos e gerenciar a defesa aérea.
- Função: monitora o espaço aéreo, detecta ameaças e coordena operações aéreas;
- Histórico: voou pela primeira vez em 1978 e entrou em serviço em 1985. Cerca de 40 unidades foram fabricadas até 1992, mas poucas permanecem operacionais;
- Uso na guerra: coordena ataques aéreos russos contra a Ucrânia e monitora movimentos de aviões ucranianos;
- Quantidade: a Rússia possui um número muito limitado de A-50s, segundo a Reuters.
De acordo com a agência, esses bombardeiros fazem parte da tríade nuclear russa, que também inclui mísseis balísticos intercontinentais e submarinos nucleares. Por isso, cada unidade destruída enfraquece a projeção de poder militar do país.
Ataque inédito
Autoridades ucranianas disseram que a operação foi preparada em segredo por 18 meses. Os agentes utilizaram caminhões com contêineres para transportar 117 drones FPV (sigla em inglês para Visão em Primeira Pessoa) para dentro da Rússia em segredo.
Em território russo, os caminhões estacionaram próximos a bases russas. Lá, os contêineres foram abertos remotamente, permitindo a decolagem dos drones, que também foram operados a distância pelos militares ucranianos.
Os drones lançaram ataques em quatro bases aéreas russas: Olenya, em Murmansk; Dyagilevo, em Ryazan; Ivanovo Severny, em Ivanovo; e Belaya, em Irkutsk, localizada a mais de 4.000 km da fronteira com a Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, celebrou o ataque como um “resultado absolutamente brilhante”. Ele revelou que o centro de comando da operação foi montado próximo a um escritório regional do FSB, o principal serviço de inteligência russo.
O Ministério da Defesa da Rússia classificou a ação como um “ataque terrorista”. O órgão confirmou danos em aeródromos, com várias aeronaves incendiadas, mas não quantificou as perdas.

Drones FPV
Os drones FPV, originalmente usados em atividades civis, foram adaptados pela Ucrânia para fins militares devido à simplicidade. Eles são operados remotamente por pilotos que ficam em solo com óculos de transmissão em tempo real.
O baixo custo também é uma vantagem. Segundo a Reuters, cada unidade desse tipo de drone pode custar menos de US$ 500 (cerca de R$ 3 mil), o que permite uma produção em larga escala.
Com alcance de 5 a 20 km, dependendo do modelo, e capacidade para carregar até 15 kg de explosivos, como no caso do drone “Baba Yaga”, equipado com câmeras térmicas, esses equipamentos são ágeis e difíceis de interceptar por sistemas de defesa aérea.
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