Ancelotti usou sua autonomia na primeira convocação. Deixou Neymar de fora. Também Rodrygo. Chamou Hugo. Resgatou Casemiro e Richarlison

Nada de Neymar.

Nem como capitão e nem como um dos 25 convocados por Carlo Ancelotti.

O italiano já mostrou sua autonomia no nome mais complicado dos últimos 14 anos na Seleção Brasileira.

Ele foi pragmático.

Como nem no Santos, o atacante de 33 anos tem conseguido jogar sequer um tempo, não quis arriscar.

E convocá-lo para ficar na reserva, criando um problema para ele mesmo.

Foi o que alegou para o novo presidente da CBF, Samir Xaud, que gostaria do atacante, como líder desse novo grupo que está sendo formado.

Mas respeitou a postura firme de Ancelotti.

“Você tem total autonomia”, resumiu Xaud, diante de mais de 200 jornalistas, reunidos para a apresentação e primeira convocação do treinador italiano.

A convocação não foi só de um profundo conhecedor do futebol europeu.

Mas de quem tem um perfil consolidado de time.

Alisson, Bento e Hugo Souza

Alexsandro Ribeiro, Lucas Beraldo, Léo Ortiz, Marquinhos, Danilo, Alex Sandro, Carlos Augusto, Vanderson e Wesley;

Andreas Pereira, Andrey Santos, Bruno Guimarães, Casemiro, Éderson e Gerson;

Antony Estêvão, Gabriel Martinelli, Matheus Cunha, Raphinha, Richarlison e Vinícius Júnior

É possível até, pelo perfil do treinador, esboçar uma provável equipe.

Alisson, Vanderson, Marquinhos, Beraldo e Carlos Augusto; Casemiro, Andrey Santos, Bruno Guimarães e Raphinha; Matheus Cunha (Richarlison) e Vinicius Júnior

Amante do 4-4-2, muita marcação, organização tática e velocidade com poder de improviso no ataque, ele chamou atletas que vivem seu melhor momento. Não só técnico, mas físico.

Por isso, deixou de fora Neymar.

Mas ciente do que o jogador representa, fez questão de ligar e conversar com ele.

Explicando que estaria fora desta chamada.

E quer contar com ele ‘no futuro’.

“Nesta convocação, tentei selecionar jogadores que estão bem. Neymar saiu há pouco de uma lesão e voltou a jogar. Todos sabem que é um jogador muito importante, sempre foi e sempre será. Contamos com ele, obviamente. Por azar, hoje há muitos jogadores lesionados. Neymar saiu há pouco de lesão, temos também Rodrygo, Gabriel, Joelinton, Militão, Éderson... O que quero dizer é que o Brasil tem muitos jogadores de talento.

“No caso de Neymar, contamos com ele em sua melhor versão. Voltou ao Brasil para jogar, para se preparar bem para a Copa do Mundo. O objetivo dele é estar pronto para a Copa, falei com ele nesta manhã para explicar isso e ele está de acordo.”

Na prática, o italiano fez o que poucos teriam coragem.

Não chamou o melhor, o jogador de maior potencial.

Mas que está longe da forma física ideal.

Abaixo para que ele espera dos atletas da Seleção.

Se Fernando Diniz e Dorival Júnior ainda estivessem como treinadores da Seleção convocariam Neymar.

Quanto ao esperado retorno de Casemiro, Ancelotti não economizou elogios.

Deixando claro que o quer como líder da Seleção.

Possivelmente, seu capitão.

“Para falar do Casemiro, na minha opinião, ele é um grande jogador. Tive a sorte de estar com ele, eu acho que a seleção precisa desse tipo de jogador, que tem carisma, personalidade, talento. Como eu disse, o Brasil sempre teve muito talento. No futebol moderno, é preciso acrescentar atitude, compromisso, sacrifício, e isso o Casemiro tem. E muitos dos que foram convocados têm isso. É um aspecto fundamental, principalmente para se preparar para o Mundial. Eu acho que, assim, nós sairemos muito bem.

“Hoje eu falava com o Felipe (Felipão), que me deu conselhos muito bons, para preparar bem este tipo de competição. Neste sentido, eu falei muito do ambiente que podemos criar dentro da equipe, mas também em torno. Todo o país, o Brasil inteiro, pode nos ajudar.”

Como fez no Real Madrid e nos clubes por onde ou, Ancelotti deixou claro que sempre mesclará juventude com experiência.

“Para fazer uma escolha, eu olho o aporte. Exemplo, Casemiro está aqui, porque ele merece estar aqui pelas suas qualidades. Entre as qualidades, estão experiência, conhecimento, liderança. Não significa que está este porque é jovem. O Estevão está aqui porque tem qualidade. Logicamente a conexão com jovens traz entusiasmo, motivação e vontade. Experiência traz conhecimento, leitura das situações, liderança. Em um time, tudo isso tem que se juntar. O Estevão pode ajudar o Casemiro com o seu entusiasmo. O Casemiro pode ajudar o Estevão na atitude, no compromisso. Sempre é uma questão de conexão.”

Nas ‘surpresas’ de Ancelotti, destaque para Hugo, goleiro do Corinthians.

Ele realmente fez por onde, tem jogado muito bem. A chamada se deve à indicação de Taffarel, que seguirá como treinador de goleiros da Seleção. Não será surpresa se Hugo vencer a disputa com Bento e for o reserva de Alisson.

Alessandro Ribeiro é um zagueiro, que pode atuar na lateral direita, e fez excelente temporada no Lille.

E o volante Andrey Santos, que começou no Vasco e está no Strasbourg, da França.

A dupla, assim como Hugo, é estreante na Seleção Brasileira.

Beraldo foi reserva no PSG.

Antony foi perdoado, depois das acusações de agressões à namorada.

Lucas Paquetá, que enfrenta séria acusação de envolvimento em apostas, ficou fora.

Ancelotti foi muito direto nas respostas.

Foram chamados 25 jogadores porque Raphinha está suspenso contra o Equador.

O treinador chamou três laterais direitos.

Um deverá apenas treinar.

Mostrou respeito e iração pelo cargo que ocupa.

Sabe de sua importância para a sociedade brasileira.

“O que espera a sociedade brasileira de mim, que eu faço um bom trabalho que permita que o Brasil volte a ganhar a Copa do Mundo. Isso está claro para mim, eu não tenho dúvida do que esperam de mim.

“O conhecimento que eu tenho de futebol, pelo tempo e experiência que eu tenho, esperam que eu faça um bom trabalho. Eu posso ajudar a seleção e me conectar à seleção. É um aspecto importante para a CBF, para os jogadores, para o time.

“É importante ter o apoio e a ajuda de um país.”

Sem depender de jogador algum.

Mesmo que ele se chame Neymar...