‘Estou satisfeito’, resumiu Ancelotti. Ele montou a Seleção para não perder. Conseguiu o 0 a 0 contra o Equador. Com três chutes a gol...
O italiano, um dos melhores treinadores do mundo, percebeu. Não poderia abrir o time na sua estreia, contra o Equador, e perder. Escalou três volantes no meio-campo. A ideia era travar o jogo. Conseguiu. 0 a 0 foi o que desejava. Foi triste ver Vini Júnior e Estêvão isolados
Cosme Rímoli|Do R7

“Quando Ancelotti disse sim ao Brasil, tinha na cabeça a Copa de 1994, em que foi auxiliar de Sacchi.
“Aquele comercial em que Romário, Ronaldo, Denilson e Roberto Carlos faziam travessuras no aeroporto ao ritmo de ‘Mais que nada’.
“Mas o que tem nas mãos é uma sombra daquela seleção.
“Sem açúcar, sem jogo bonito e nem nada que pareça.
“Uma sombra do que já foi.”
Estas são algumas palavras sobre a estreia de Ancelotti comandando a Seleção, hoje à noite.
O pálido 0 a 0 contra o Equador, foi resumido de maneira cruel, pelo jornal espanhol Marca.
Os frios números não mentem.
Noventa e cinco minutos de jogo, com os acréscimos.
E a Seleção Brasileira deu três chutes a gol.
O Equador, sete.
No final, 0 a 0, no debut de Carlo Ancelotti, aguardado pelo mundo todo.
O futebol foi decepcionante.
O italiano sentiu o potencial da atual geração que tem nas mãos.
E preferiu não abrir o time para atacar, em Guayaquil.
Se contentou com o empate, como fez várias vezes, quando o Real Madrid não estava bem e o adversário era superior.
No meio de campo, três volantes. Laterais presos na defesa, como nos anos 60, com medo de atravessar o meio-campo.
Estêvão, Richarlison e Vinicius Júnior não só isolados na frente, como também com a missão de travar a saída de bola dos zagueiros equatorianos.
O objetivo era não expor o Brasil à nova derrota.
Conseguiu o empate.
E confessa ter ficado ‘satisfeito’.
“A nível defensivo fizemos um jogo muito bom, com boa atitude, organização. Boa pressão ofensiva às vezes. Não concedemos oportunidades praticamente. Isso foi o bom. Na outra parte, poderia ser melhor. Com a bola. Com um jogo mais fluido. No final, um empate bom, num bom jogo. Saímos satisfeitos, com confiança para a próxima.”
O treinador se manteve firme.
Não aceitou as cobranças, que foram leves, por parte dos jornalistas que estavam no Equador.
Como só três chutes a gol.
“Jogo complicado para jogar de forma combinada, pelas condições do gramado, complicado controlar a bola. Tivemos oportunidades com Vini, Casemiro na segunda parte.
“Poderia ser melhor na frente, mas temos que entender a força do rival.
Jogaram uma partida muito boa.”
Sim, ‘entender a força do Equador’, foi o que Ancelotti itiu.
Os veículos de comunicação estrangeiros não buscaram subterfúgios.
Foram diretos.
“Ancelotti tem um problema sério”, resumiu o jornal As, se referindo à qualidade técnica do time brasileiro.
“O Brasil foi mais solidário, mas sem brilho”, resumiu o diário Olé, da Argentina.
“O Brasil não deslancha com Ancelotti”, decretou o também espanhol Marca.
Diante do clima de desilusão, o técnico reclamou do gramado.
Sim, do gramado.
“Faltou um pouco no ataque. Equador defendeu bem, era difícil buscar espaços entrelinhas. Tivemos dificuldade na saída, nem sempre a bola chegou limpa no último terço. Não quero dar desculpas, mas o campo não estava fácil de jogar nessa condição.”

Contra o Paraguai, Ancelotti prometeu que ‘será diferente’.
Porque terá Raphinha.
Reou toda a responsabilidade da partida da próxima terça-feira, em Itaquera, ao atacante do Barcelona.
“É um trabalho diferente. A qualidade é muito boa. Não há muito tempo para trabalhar, mas podemos melhorar, obviamente. Temos muita qualidade. Estou certo que vamos melhorar a nível ofensivo. Até porque hoje faltou o Raphinha, um jogador muito importante.”
Ancelotti teve mesmo muito pouco tempo para treinar a Seleção, para sua estreia.
Foram três dias com os jogadores.
Mas ele terá de se adaptar porque o calendário reserva poucas datas de preparação às seleções.
Os clubes, a Uefa e a Conmebol não deixam.
Não há saída.

Mas na partida de hoje, o rendimento ofensivo brasileiro foi fraco demais.
O grande problema está na falta de um armador inteligente, talentoso, ousado, imprevisível.
Como Neymar já foi um dia.
Ancelotti já assegurou ao veterano jogador de 33 anos que tem uma vaga reservada para ele.
Terá a chance de provar que pode seguir os os do seu amigo íntimo, Lionel Messi.
Porque com Casemiro, Bruno Guimarães e Gerson, fica impossível para os atacantes.
O Brasil precisa ter um ou até dois armadores talentosos.
Que o treinador consiga, ao menos, recuperar Rodrygo.
Jogador que desprezou na última temporada no Real Madrid.
E o deixe jogar onde rende e onde o Brasil tanto precisa...
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